
O Sofrimento é uma arte que devemos ter urgência em aprender, pois é uma realidade que faz parte de nossa existência humana. Quando sofremos estamos perto de Deus! Não que Deus esteja presente no sofrimento, mas, quando sofremos Ele cuida de nós. Os maiores cuidados de Deus encontrei no leito da dor.
 Santa Teresa de Ávila nos lembra que “antes de dar o  sofrimento, Deus dá a paciência”, isso significa que somos capacitados  para lidar com o sofrimento, ele não é e nem pode ser o fim de tudo. A  dor é uma grande ferramenta de crescimento, quando nos apoiamos no  sofrimento alcançamos graças inexplicáveis. O sofrimento quando bem vivido tem a finalidade de nos  levar a perfeição cristã. Escutemos o que diz o pensador Francês Antoine  de Saint-Exupéry: “a perfeição não é alcançada quando não há mais nada a  ser incluído, a perfeição é alcançada quando não há mais nada a ser  retirado”, ou seja, a perfeição consiste no pleno esvaziamento, quando  não se resta mais nada do nosso “EU”, Deus se faz presente. Afirmamos todos os dias que amamos a Deus, mas quando o  sofrimento bate a nossa porta não é bem assim o nosso discurso. O  sofrimento nos coloca no chão, nos faz pessoas derrotadas. O sofrimento  se nutre de nossa fraqueza, angustia e medo, torna-se mais forte do que  já é, um gigante. O rei David diante do gigante não estremeceu, mas na  confiança do Senhor conseguiu derrotá-lo. Qual é o gigante que tem nos  aterrorizado? Com qual força ele tem se levantado em nossa vida? Não  importa, Deus é maior que todos os gigantes, com Deus o sofrimento ganha  um novo sentido, como a Cruz, que de maldita se tornou em Cristo Sinal  de nossa Salvação, penhor de nossa redenção. O verdadeiro amor nunca se  desgasta, quanto mais se dá mais se tem. Gosto muito de Jacques Maritain, um filosofo neo-tomista  que dizia que o “sinal de maturidade humana é aceitar o desafio do  sofrimento”, pois o sofrimento não é algo que faz parte de uma espécie  de destino, mas diante deste fato presente o que nos resta é esperar em  Deus crendo que é permissão Dele para nosso crescimento. “É o  sofrimento, só o sofrimento, que abre o homem a compreensão interior”  (Gandhi). “Só o amor me atrai, só o abandono me guia”. Grande  descoberta de Santa Teresinha em sua busca de santidade, no caminho da  pequena via esta santa descobre que a solidão é uma particularidade do  sofrimento. Quando sofremos sentimos que Deus nos abandonou, que está  fugindo de nós, como se estivéssemos brincando de “esconde-esconde”. A dor é tanta que nos sentimos “abortados” por Deus,  renegados, e assim como João da Cruz nossa alma chora “Aonde te  escondeste, Amado, e me deixaste num gemido? Como um cervo fugiste  havendo-me ferido, atrás de ti clamei: tinhas partido!”. Podemos sofrer  no deserto e, no entanto, amá-lo, de resto, é por causa desse sofrimento  que O amamos. O sofrimento não é um bom momento de decidir a vida, nem  coisas importantes dela, mas é hora de silenciar e escutar a voz de Deus  que ecoa em nosso coração. No dia 05/06/09 escutei de meu Amado  Fundador que sofrimento tem começo e tem fim, e isso tem sido consolo  nas horas difíceis, aprendi que a “noite escura” passa, e ao passar não  poderá levar minhas opções primordiais, por exemplo, a minha vocação. “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas  necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo.  “Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte” (II Coríntios 12,10).  Deus muitas vezes nos joga ao chão como ultima tentativa de nos fazer  alguém melhor, isso é o amor desesperado de Deus por nós. O Senhor nos  apresenta o nosso “nada” para nos lembrar a nossa dignidade de filhos,  caímos num profundo desespero presos ao chão, mas basta olharmos para  cima e veremos um Deus que é Pai, pois está a todo tempo inclinado sobre  nossas fragilidades. “Onde a mão sente a picada dos espinhos, os olhos  descobrem um ramo de rosas esplêndidas, cheias de aroma”. (São Josemaria  Escrivá) Continuo afirmando que o sofrimento é uma arte, onde cada  homem descobre que é maior que uma realidade presente. Não anulemos a  nossa Cruz diária, precisaremos dela para entender a dor, quando  constantemente afirmamos que Deus é amor!
 Ir. Raphael Estevão da Santa Cruz, PJC.
  Forania Nossa Senhora da Assunção – São Paulo.
 
 
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