Em 1585, o padre José de Anchieta fundou uma aldeia na capitania do Espírito Santo, que recebeu o nome de aldeia do Rio Verde, e depois Santa Maria de Guaraparim, Vila dos Jesuítas, Goaraparim, Guaraparim e finalmente Guarapari. A influência indígena torna-se clara no nome herdado. Guarapari é o nome de uma ave que branca, torna-se cinza e depois volta a embranquecer, e por fim adquire coloração vermelha (guará) e representa um lugar cercado para apanhar peixes (pari). Anchieta fundou uma igreja sob a invocação de Sant’Ana e Sagrado Coração de Jesus. Servia como residência aos padres em missão, além de ser local onde os índios seriam catequizados.
Guarapari possui uma grande influência religiosa, historicamente devido à presença dos jesuítas no território espírito-santense, com monumentos históricos que variam de poços artesianos a igrejas antigas que simbolizam as crenças de uma época em que a filosofia de vida compreendia valores diferentes em relação aos atuais. Para possibilitar a evangelização, os jesuítas criaram uma estrutura no sentido de atender às necessidades religiosas e assim foi necessária a construção de igrejas, que se denominou igreja de Nossa Senhora da Conceição, construída à beira-mar pelo padre José de Anchieta em 1585, dedicada a Sant’Ana e a Santa Maria. A igreja hospedava os antigos padres formados no Espírito Santo e em outros locais do Brasil, e passou por algumas reformas. Em 1760 foi abandonado com a expulsão dos jesuítas do Brasil até o seu retorno em 1840.
Guarapari possui também um Museu Sacro, contendo peças como: castiçais, cálices e crucifixos, além das imagens de Nossa Senhora das Dores (1780), Nosso Senhor dos Passos (1780), Nossa Senhora da Penha (1700) e Nossa Senhora Auxiliadora (1909).
As ruínas da igreja completam esse contexto histórico-religioso: ela foi construída por ordem do donatário Francisco Gil de Araújo, determinado que fosse dedicada a Nossa Senhora da Conceição. A construção esteve a cargo do arcediago Antônio Siqueira Quintal, por volta de 1751, proprietário das fazendas Engenho Velho e do Campo. A igreja nunca chegou a ser construída completamente devido a um incêndio. Desta igreja restam apenas os frontais esburacados, ruínas e o campanário que foi reconstruído em 1817. O monumento foi tomado pelo CEC – Conselho Estadual de Cultura, no dia 26 de novembro de 19843.
Existem alguns monumentos histórico-culturais em Guarapari que são verdadeiras relíquias, são os poços construídos pelos jesuítas no século XVI. O Poço dos Jesuítas é um deles, é o único que resta dos vários construídos por eles. O poço era uma nascente cuja água potável hoje se encontra poluída, com aproximadamente 40 centímetros de profundidade; o excesso de água escorre nas pedras em direção ao mar. Em 1983 foi pedido o tombamento do poço por meio dos manifestos: VIVA A NATUREZA e VIVA GUARAPARI, na tentativa de tombar o monumento. Posteriormente, em 1988, através do projeto ARTE E CULTURA, foi encaminhado ao Conselho Estadual da Cultura outro abaixo-assinado pedindo o tombamento, que foi concedido. Um patrimônio importante do município é a Gruta de Sant’Ana, construída em 1942 por Joaquim Leopoldino Lopes. Construída em pedras, trazia a imagem de Nossa Senhora de Lourdes e de Bernadete. A gruta ficou abandonada por muitos anos, desfazendo-se em ruínas, sendo restaurada e entregue à comunidade em 18 de setembro de 1991. Além da Gruta de Sant’Ana, a Casa da Cultura foi tombada como patrimônio afetivo do município. A Casa de Cultura era a antiga Prefeitura Municipal; foi construída em 1749 e passou por várias reformas.
Fonte: O lado turístico de Guarapari: Tradições e Cultura
Autores: Lincoln Etchebéhère Junior e Alex Paubel Junger
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